Feliz natal: o imaginário como conteúdo formativo

Feliz natal: o imaginário como conteúdo formativo

Começo esse texto com uma imagem que de certa forma marcou minha infância. Estávamos na década de 90 e, como toda criança, lá estava eu com os pés descalços sob o chão quente. Sim! Pés no chão e mente no céu. Não um céu qualquer; era noite de aurora boreal nos recônditos da minha imaginação. Havia pinguins, lagos congelados, lareira crepitando, e toda sorte de coisas belas. Por um momento, esquecia-me dos graus centigrados que assolavam meus “andantes”. Eu queria mesmo era sonhar. Sonhar com meus presentes de natal; desembrulhá-los; desatar aquele laço de boiadeiro que algum parente colocou propositalmente, para postergar o momento mágico da descoberta.

Não irei me alongar nessas peripécias natalinas, nem falarei sobre o filme “Esqueceram de Mim”; tão pouco dos comerciais da TV com os brinquedos do momento; do antigo Mappin; do Center Norte (onde o pai chora e o filho não vê $$); e por aí vai. Depois dessa breve digressão, reponho-me no sofá. Aquela menina de pés descalços agora tem um menino; igualmente com pés descalços a correr pela sala [Já dizia o Salmista: os fi- lhos são heranças do Senhor, uma recompensa que ele dá – Salmos 127:3]. Seus pés no chão; mas e o seu coração?

Acima de tudo, guarda o seu coração, pois dele depende toda sua vida – Provérbios 4:23

 Ainda que eu tenha recebido na infância um ensino piedoso e fiel às escrituras [… o que ouvimos e aprendemos, o que nossos pais nos contaram. Não os esconderemos dos nossos filhos; contaremos à próxima geração os louváveis feitos do Senhor, o seu poder e as maravilhas que fez – Salmos 78: 3,4], o sentido do natal – por vezes – ganhava contornos não tão piedosos assim. Lá estava eu, imersa numa cultura pecaminosa, imediatista, consumista e secularista. Mas, apesar de todos os pesares, minha compreensão da mensagem natalina era límpida. O meu intelecto ditava todas as formas e fôrmas; agrupava as estruturas; e sorria. Por outro lado, meu coração desejava o trivial e toda sua trupe. De fato, a lógica acabava sendo sobrepujado por meus desejos (des)educados. Afinal, o problema não estava em minha compreensão, mas em algo ainda mais íntimo. A educação cristã, neste sentido, não é apenas um projeto de informação, e sim de formação. Uma verdadeira pedagogia do desejo! Já dizia James K. A. Smith: o objetivo fundamental da educação cristã é a formação de um povo peculiar – um povo que deseja o Reino de Deus e realiza sua vocação como expressão desse desejo

 Porque onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração  Mateus 6:21

No período da infância, a exploração da imaginação e do brincar se constituem como ferramentas de suma importância para a formação e o desenvolvimento da pessoa. O ato de imaginar na infância não se caracteriza somente como uma produção de artefatos imagéticos; ela é fundamental para a própria construção da linguagem – para o falar e o pensar, por exemplo.

Assim, para o humano se formar e não se conformar é necessário uma integral destinação de esforços. Esse processo, insta frisar, não está somente vinculado ao aspecto lógico, mas ao imaginário e a forma com que essas imagens cativam e educam as emoções, dando novos contornos ao mosaico da realidade.

Não há como negar: as crianças aprendem de forma significativa por meio da sua imaginação. Quando os pequenos brincam de super-heróis, de reis, princesas, rainhas, ou transformam objetos comuns em possibilidades infindáveis, elas têm a oportunidade de experimentar e/ou acessar papéis da vida real, e assim atribuir diferentes significados e valores às suas ações.

E é nesse sentido que como pais; professores; líderes; e sujeitos inseridos em uma sociedade imaginativa, poderemos contribuir para a formação das nossas crianças. Ao selecionarmos textos bíblicos e dialogarmos com as verdades da fé, da esperança e do amor, a leveza da linguagem infantil pode se tornar uma grande aliada ao ensino da doutrina cristã.

Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor

I Coríntios 13:13.

 

Pois bem, vamos então celebrar o natal dramatizando-o em diferentes contextos e situações, perpetuando as boas práticas de ensino cristão:

  • Por meio da prática de construir um calendário de advento com os pequenos;
  • Através da escuta e meditação de músicas que expressam a mensagem da cruz;
  • Faça uso de canções natalinas, como forma de louvor e adoração;
  • Lance o convite para a confecção ou montagem de um presépio;
  • Separe um momento para leitura e conversa deste tema precioso;
  • Assista a um desenho ou filme da história de Jesus;
  • Construa com as crianças algum enfeite para o pinheiro e expresse a verdadeira mensagem do Natal;
  • Crie personagens, enredos, cenários. Viaje!
  • Faça uma encenação/teatro do nascimento de Jesus com as crianças;
  • Viva algumas experiências na cozinha com seus filhos; como fazer cookies e, posteriormente, presentear alguém com esses “dotes culinários”. Uma ótima oportunidade para anunciar o evangelho!

 

Certamente estas são algumas sugestões – não as únicas possíveis – mas que serão lembradas e rememoradas pelos nossos pequenos no decorrer de suas vidas. Não resta dúvida, natal e imaginação tem tudo a ver.

Por fim, que nessa data tão especial possamos despertar e preparar o coração dos pequeninos para apreciarem e celebrarem o nascimento do nosso Rei e Redentor. Que façamos o convite da celebração da vinda de Cristo à luz de uma teologia da imaginação, “porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz” – Isaías 9:6.

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