Há mais de vinte anos fui desafiada a criar minha filha sozinha e hoje a escrever sobre isso…duas tarefas difíceis.

Mauricio e eu éramos casados há 6 anos, estávamos construindo a nossa casa e nos preparando para o nascimento da nossa filha. Em julho nasceu a Deborah, lembro-me de muitos fatos relacionados a isso, mas a imagem mais marcante era a expressão de alegria do pai. Foram dias significativos apesar de poucos. Vinte e quatro dias após seu nascimento, meu esposo faleceu. Éramos uma recém-nascida totalmente dependente e uma mãe com o coração dilacerado. Como viver daí para frente?

   O Senhor foi muito bondoso para conosco, nos deu uma igreja acolhedora, irmãos e familiares presentes que nos ajudaram a passar pelos dias difíceis. Fomos socorridas e amparadas das formas mais diversas. Isso me mostrou como o Salmo 68.6 é verdade na família de Deus e como Deus cuida dos seus filhos.

“Deus faz que o solitário (orfã e viúva) viva em família …“

  Os dias passam e a vida volta a rotina, entretanto a dor da perda e o luto levam um tempo para cicatrizar. A vida não fica suspensa esperando a dor passar, então viva um dia de cada vez…

   À medida que minha filha crescia, ficava nítido que a sua maior necessidade era reconhecer que precisava de Jesus como Salvador. A cada noite quando lia história bíblica para ela, Deus tratava a minha vida e me ensinava a depender Dele, orava para que o Senhor a salvasse e a fizesse temente a Ele.

 Alguns passos práticos me ajudaram nessa caminhada:

 – A igreja era prioridade, tanto nos cultos quanto nas atividades para a idade dela. Para isso fiz parte da equipe do berçário, da OANSE (equivalente ao PIBAKIDS). Enquanto a Deh participava das atividades e aprendia sobre Deus, eu conferia planilha, fazia chamadas. Participamos de todos os retiros, e hoje temos boas histórias para contar: ela sobre o tempo juntos com os amigos, as músicas novas, e eu de tempos em que limpamos frango até de madrugada, ou mesmo de uma sobremesa que não deu certo. Deus me deu uma amizade para a vida toda, que nasceu nesse tempo de servir a Deus servindo aos meus irmãos. Hoje eu sei que: “A amizade forjada na fornalha da aflição é um amor com têmpera e resiste a dias difíceis” (Rev. Garofalo)

– Acolhi os amigos dela, preferia tê-los por perto onde pudesse saber o que assistiam, ouviam.

“Não se deixem enganar: “As más companhias corrompem os bons costumes”.

1 Coríntios 15.33

 – EBD sobre criação de filhos, foi muito precioso para a formação da minha filha e minha também. Conhecer os princípios bíblicos para a criação de filhos é libertador. Não hesite em buscar conselhos e boa literatura CRISTÃ sobre o assunto.

“Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos anos não se desviará deles.”

Provérbios 22.6

 – Busquei conselhos antes de tomar decisões. As grandes decisões são mais simples. Entretanto há aquelas que são subjetivas, não são erradas em si, mas são perigosas.

“Os planos fracassam por falta de conselhos, mas são bem-sucedidos quando há muitos conselheiros.”

Provérbios 15.22

 – Procurei estar presente até a adolescência. A acompanhei fazendo parte das atividades, ainda que nos bastidores.

Pela bondade de Deus e ação do Espírito Santo a Deh reconheceu que precisava de Jesus como Salvador e desde então tem crescido no conhecimento de Deus.

Foi através da família de Deus que o Senhor me ensinou sobre o amor e cuidado…quando famílias nos convidavam para comemorar o Natal em suas casas e nos ensinavam que podemos dividir e acolher outros… aprendi sobre a bondade quando uma amiga investiu tempo me levando para dirigir antes da prova.

Foi através da família de Deus, que o Senhor deu a minha filha os melhores amigos, verdadeiros irmãos. Também no tempo de faculdade, longe de casa, da igreja e dos amigos, o Senhor deu a ela um pastor e uma família.

Hoje quando penso em como foi criar minha filha sozinha, sou lembrada de que nunca estive só!

 “Nunca o deixarei, nunca o abandonarei.”

Hebreus 13.5b

 O SENHOR sempre esteve comigo. O seu amor por mim foi manifesto de várias formas. Uma delas foi não me isentar do sofrimento, pois me mostrou como o amor de Deus se revela através dos irmãos em Cristo.